Fósseis da Quarta Colônia são destaque em segundo dia da avaliação pela Unesco

O segundo dia da missão de avaliação do Geoparque Quarta Colônia começou no Geossítio São Luiz, em Faxinal do Soturno, onde já foram encontrados os fósseis dos animais mais antigos do mundo. O local foi desapropriado pela prefeitura de Faxinal do Soturno com o objetivo de, no futuro, abrir para visitação da comunidade.

Segundo o prefeito de Faxinal, Clovis Montagner, a ideia é incentivar a educação patrimonial em escolas municipais e estaduais da Quarta Colônia. Recentemente, sete mil exemplares de materiais didáticos e lúdicos sobre paleontologia foram distribuídos para alunos da região.— Nesse sítio já foram encontrados fósseis de milhões de anos. Então, sabemos que para fortalecer o Geoparque Quarta Colônia é preciso investir na preservação do local, mas, ao mesmo tempo, queremos que as pessoas tenham acesso. Por isso que vamos trabalhar a questão da educação para o patrimônio, para que as pessoas possam conhecer e cuidar do geossítio ao mesmo tempo – explica.

Animados com a possibilidade de encontrar fósseis, Helga e Ángel exploraram o terreno. A avaliação também contou com perguntas dos representantes da Unesco.— Esse é um sítio com muito potencial de valor internacional. Com o reconhecimento do Guiness Book, como foi comentado, torna ainda mais valioso. Até queria encontrar um fóssil, nunca encontrei um — brinca.

Já no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (Cappa), segunda parada do roteiro, além da pesquisa científica relacionada as descobertas de fósseis da região, o trabalho é voltado para a integração com a comunidade. Mais de 1000 pessoas visitam o centro de pesquisa por mês.

As estudantes Carolina Marzari, 16 anos, de Nova Palma, e Maria Isabela Montagner, de Faxinal, são estagiárias do Cappa. Além de auxiliar nos dias de visitações, elas aprendem mais sobre a região.— Acho muito incrível ter fósseis por aqui. E era algo que queríamos aprender mais sobre. Então, com essa oportunidade que surgiu, resolvemos participar.

Cerca de 30 alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Padre Rafael Iopi, de Vale Vêneto, também aproveitaram a manhã de visitas no Cappa. Os pequenos de 9 a 10 anos acompanharam atentamente as explicações do pós-graduando em Biodiversidade Animal, Jossano de Mores, e fizeram diversas perguntas.— Adoro dinossauro, então gosto muito de vir aqui. É legal imaginar que a gente está pisando em um lugar que dinossauros já pisaram — comemorou João Henrique Costa Pascotti, de 10 anos.

Já o Thomas Leal, 10, se interessou por conhecer mais do geoparque. Ele disse que torce pelo reconhecimento internacional:— Imagina o mundo inteiro saber que a gente vive no mesmo lugar que os fósseis mais antigos do mundo. Seria muito legal.

Ainda, Vale Vêneto, Restinga Sêca e Agudo fazem parte do roteiro de segundo dia de avaliação que terá mais de 150 quilômetros percorridos.

GEOPARQUE

Geoparque é um território reconhecido pela Unesco em que a “memória da Terra” é preservada e utilizada de forma sustentável para incentivar melhorias à comunidade. O desenvolvimento pode se dar de diversas formas, desde que conserve e valorize o patrimônio geológico-geomorfológico, como rochas, minerais, água, solos, relevos, paisagens e fósseis, em associação à cultura da região.Os sítios desta rede apresentam diversidade geológica que sustenta a diversidade biológica e cultural de diferentes regiões. Os geoparques atendem as comunidades locais, combinando a conservação com o alcance público e o desenvolvimento sustentável.Atualmente, são 177 geoparques mundiais da Unesco em 46 países.No Brasil, são três geoparques com certificação:  Caminhos dos Cânions do Sul, situado entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul; e o parque Seridó, localizado no Rio Grande do Norte;  geoparque de Araripe, localizado na Bacia do Araripe, que se estende pelo sul do Ceará, noroeste de Pernambuco e leste do Piauí

A UNESCO

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) é uma agência especializada das Nações Unidas (ONU) com sede em Paris, com o objetivo de garantir a paz por meio da cooperação intelectual entre as nações, acompanhando o desenvolvimento mundial e auxiliando os Estados-Membros — hoje são 193 países — na busca de soluções para os problemas que desafiam sociedadesAtua nas áreas de Ciências Naturais, Ciências Humanas e Sociais, Cultura, Educação e Comunicação e Informação. Para isso, desenvolve projetos de cooperação técnica em parceria com governos — União, Estados e municípios —, sociedade civil e iniciativa privada.

Os avaliadores

Ángel Hernandéz – Geógrafo e historiador, secretário do Fórum Espanhol de Geoparques, diretor do Parque Cultural do Maestrazgo e do Geoparque do Maestrazgo (Espanha)Helga Chulepin – Geóloga, especialista em Engenharia de Minas, coordenadora técnica das Grutas del Palacio Unesco Global Geopark (Uruguai) entre 2012-2015, membro individual da Rede Global de Geoparques

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